Práticas de curadoria como atividades de aprendizagem na cultura digital

(Patrícia B. Scherer Bassani, Emanuele Biolo Magnus)

Práticas de curadoria como atividades de aprendizagem na cultura digital

Como podemos desenvolver práticas educativas baseadas em processos de curadoria?

O conceito de curadoria, que já é consolidado na área artística, vincula-se agora também a práticas na internet relacionadas com a seleção e a organização de informações. O curador, que é a pessoa responsável pelo processo de curadoria, pode ser você. Isso mesmo! No contexto da cibercultura, em que os princípios da liberação da palavra, da conexão em rede e da reconfiguração organizam as práticas culturais, qualquer sujeito pode exercer o papel de curador! Existem diferentes ambientes online que possibilitam o registro e o compartilhamento do processo de curadoria, que vai além da seleção de links interessantes. Neste capítulo, vamos apresentar o conceito de curadoria e suas especificidades, como curadoria da informação, curadoria digital e curadoria de conteúdo. Você também vai conhecer vários ambientes online específicos para a curadoria e outros que podem ser adaptados, além de exemplos de práticas de curadoria na área de Informática na Educação.

Objetivos Educacionais:

  • Compreender o conceito de curadoria e suas especificidades;
  • Identificar ambientes online que possibilitam o processo de curadoria de conteúdo digital;
  • Planejar e desenvolver atividades na perspectiva da curadoria no contexto educativo.

Índice:

1 O QUE É CURADORIA?

Basta fazer uma busca rápida no Google com a palavra-chave “curadoria”, para facilmente verificarmos que ela nos remete a diferentes contextos e áreas de abrangência diversas, como Artes, Marketing, Tecnologia da Informação e Direito. Nessa mesma pesquisa, verificamos que o processo de curadoria é realizado por um curador. Assim, os termos “curador” e “curadoria” podem assumir diferentes significados, conforme as especificidades das áreas envolvidas.

Conforme o dicionário online Michaelis, o termo “curadoria” corresponde ao “ato ou efeito de curar”, ou ainda, na perspectiva jurídica, remete a “cargo, poder, função ou administração de curador; curatela”. De forma complementar, o termo “curador” corresponde: a) “que ou aquele que cura ou faz um doente sarar”; b) “que ou aquele que exerce uma curadoria”; c) na perspectiva jurídica, envolve “que ou aquele que é encarregado judicialmente de administrar ou fiscalizar bens ou interesses de outrem”; d) “que ou aquele que, graças a rezas e orações, trata de pessoas picadas por cobras ou as imuniza contra esses animais ou contra outros males; curandeiro, feiticeiro”.

Em uma pesquisa mais detalhada, verificamos que a origem do termo remete ao cuidado original com determinado bem (RAMOS, 2012), vinculado ao ato de curar, vigiar, zelar por algo (CORRÊA; BERTOCCHI, 2012).

O termo foi aplicado primeiramente no contexto do Direito Romano e posteriormente ao campo das Artes. Na área do Direito, o curador é o sujeito que cuida do patrimônio daqueles que estão incapacitados de o fazer. No âmbito das Artes, o curador, que pode ser uma pessoa ou uma equipe, organiza um conjunto de obras de forma que elas sejam compreendidas dentro de um determinado contexto (RAMOS, 2012). Ainda no contexto das Artes, destacamos dois tipos de curador: a) curador ligado diretamente a uma instituição museológica; b) curador independente, que concebe exposições autônomas, sem a exigência de estar vinculado a uma instituição (RAMOS, 2012).

No final do século XX, houve uma mudança no papel do curador das Artes Visuais, envolvendo também atribuições administrativas. Assim, o curador deixou de ser visto apenas como especialista e passou a atuar como mediador social, seja entre as instituições, seja entre os artistas e o público (AMARAL, 2012). Nessa perspectiva, as representações de curadoria “referem-se sobremaneira às atividades de seleção, organização e apresentação de algo a partir de algum critério inerente ao indivíduo curador” (CORRÊA; BERTOCCHI, 2012, p. 29) e, na perspectiva da evolução conceitual, podemos ver o processo de curadoria vinculado a atividades de mediação, em que o curador “executa conexões entre grupos, públicos, pessoas com propostas, objetos, exposições ordenados a partir de ‘modelos de ordem’ definidos pelo mediador” (CORRÊA; BERTOCCHI, 2012, p. 29).

No âmbito das profissões, o significado mais popular de curador é aquele relacionado ao campo das Artes Visuais (AMARAL, 2012). Entretanto, na medida em que ocorre a expansão do acesso e uso da web, o termo “curadoria” “passa a ser utilizado para uma diversidade de ações que envolvem organização de dados a partir de critérios ou recortes” (CORRÊA; BERTOCCHI, 2012, p. 29). Assim, no contexto da internet, emerge a necessidade de um novo tipo de curadoria, a curadoria da informação (AMARAL, 2012).

Amaral (2012, p. 44) justifica a importância da curadoria da informação a partir de duas perspectivas: a) o imenso volume de dados disponíveis na web (texto, áudio, vídeo, imagem) em diferentes formatos; b) práticas da cultura, em que diferentes sujeitos exercem o papel de “curadores da memória cultural, preservando materiais, arquivos e informações de diversos períodos da história e os tornando acessíveis através da digitalização”.

A era da curadoria

Hoje em dia temos acesso a todo tipo de informação. O que fazer com isso? Quantidade de informação nos torna mais sábios? Aumenta nosso conhecimento?
O filósofo Mario Sergio Cortella aborda o tema “O que importa é saber o que importa: a era da curadoria” no Café Filosófico (CPFL da TV Cultura). O programa está disponível online em:
http://tvcultura.com.br/videos/56732_a-era-da-curadoria-o-que-importa-e-saber-o-que-importa-mario-sergio-cortella.html

Beiguelman (2011) apresenta três modelos de curadoria de informação online: a) o curador como filtrador; b) o curador como agenciador; c) a plataforma como dispositivo curatorial. O curador-filtrador atua na perspectiva do “eu sou o que eu linko” e para isso usa diferentes ferramentas e plataformas online para compartilhar especialmente links. Amaral (2012) cita o Twitter como um exemplo, em que o sujeito pode gerenciar uma curadoria informativa sobre determinado assunto.

Figura 1: Exemplo de postagem no Twitter na perspectiva do curador-filtrador
Figura 1: Exemplo de postagem no Twitter na perspectiva do curador-filtrador
Fonte: Twitter (Disponível em: https://twitter.com/patriciab)

O curador-agenciador atua na perspectiva de “as coisas são como eu as linko” e se relaciona com a ideia de mediação. Um blog ou um site pode ser um espaço para a organização da informação, possibilitando a combinação entre a sistematização de categorias de conteúdo e suas relações (AMARAL, 2012). Como exemplo, destacamos o site do Porvir (https://porvir.org), uma plataforma de conteúdos que compartilha informação e promove a mobilização sobre inovações educacionais do Brasil.

Figura 2: Exemplo de site que explora a curadoria na perspectiva do curador-agenciador
Fonte: Site da plataforma de conteúdo Porvir.

DEBATE: Quem você segue?

Você acompanha algum blog? Usa as redes sociais para acompanhar a discussão sobre algum tema específico? Você consegue identificar o perfil de curadoria realizado nesses espaços, considerando os conceitos de curador-filtrador e curador-agenciador? Lembramos de compartilhar este pequeno vídeo com você: https://www.facebook.com/watch/?v=10155837526893189

Por fim, a curadoria como plataforma, ou “as coisas são como você linka”, envolve o uso de ambientes online específicos para facilitar a organização e o compartilhamento de informações, como Pearltrees, Scoop.it ou Diigo. Se você ainda não conhece esses ambientes, fique tranquilo, pois vamos falar sobre eles ainda neste capítulo.

#ficaadica #curadoriacomoplataforma

Organizamos os links indicados neste capítulo no ambiente Pearltrees. Você consegue acessar por aqui: http://www.pearltrees.com/t/curadoria-praticas-informatica/id18778531.

Amaral (2012) acrescenta mais dois modelos: o curador como crítico e a recomendação como curadoria. No modelo curador como crítico, Amaral (2012) busca recuperar a dimensão crítica da curadoria no contexto da web. Nesse caso, a curadoria pode ser realizada em qualquer ambiente/plataforma online, como Facebook, Instagram ou outras. Como exemplo, a pesquisadora destaca o compartilhamento de uma imagem/gif que registre crítica a produtos culturais diversos. Nesse caso, a curadoria envolve, além da seleção e do compartilhamento dos dados, “ainda os subverte para um comentário ou crítica, entendida aqui como desde um comentário textual, como uma alteração na imagem ou o uso de ironias e outras figuras de linguagem” (AMARAL, 2012, p. 46).

Os algoritmos e a curadoria da curadoria

Entendemos que é relevante destacar que a curadoria da informação em ambientes digitais como o Facebook, o Instagram e outros tem se manifestado mais como um procedimento automático algorítmico do que algo propriamente humano. Para aprofundar a reflexão, sugerimos a leitura do artigo disponível online em http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1796.doc (CORRÊA, BERTOCCHI, 2012).

No modelo de recomendação como curadoria, destaca-se o uso de filtros de informação que possibilitam a construção de perfis de consumo. Esse processo é feito por softwares de recomendação, que tentam antecipar os interesses de consumo dos sujeitos nos ambientes digitais e recomendar novos produtos. Normalmente esse processo de recomendação é feito por meio da utilização de diferentes metodologias. Uma delas consiste na utilização da informação postada pelo próprio sujeito. Por exemplo, o uso de etiquetas/tags e folksonomia, característico dos ambientes Twitter ou Instagram, orientam o sistema na curadoria dos conteúdos que aparecem na timeline.

De forma direta, isso significa que as hashtags que usamos orientam o sistema a organizar conteúdo de nosso interesse. Em contrapartida, esse processo também é realizado por meio de algoritmos. No site da Amazon, esse processo é bem visível. Cada vez que buscamos um determinado livro, o sistema recomenda outros similares que podem ser de nosso interesse. Você já percebeu isso? Por um lado, esse processo é bem interessante, mas, por outro, se o nosso foco se limitar ao que o sistema recomenda, podemos ficar isolados em uma única perspectiva (fechados em uma “bolha”).

Assim, conforme Amaral (2012, p. 48), “é preciso pensar a curadoria de informação em um contexto mais plural do que apenas a internet, mas sim como as pessoas se relacionam com essas práticas e como suas vidas cotidianas e suas práticas de consumo são atravessadas por elas”.

Para saber mais sobre curadoria de dados e inteligência coletiva

Sugerimos a leitura do resumo da palestra de Pierre Lévy no projeto Fronteiras do Pensamento:
http://www.fronteiras.com/resumos/curadoria-de-dados-e-inteligencia-coletiva-poa
Também indicamos a reportagem apresentada no programa Metrópolis da TV Cultura intitulada “Curadoria do conhecimento”:
https://www.youtube.com/watch?v=6GCvphe2zAg

A curadoria da informação como prática cultural emergente na cultura digital (AMARAL, 2012) permite que todos sejamos curadores, seja de um show, de uma set list para uma festa, ou ainda da seleção de autores para a organização de um livro, uma vez que a ação curatorial “depende de habilidades e competências individuais exercidas num dado recorte temático” e, portanto, “não implica necessariamente uma profissão” (CORRÊA; BERTOCCHI, 2012, p. 34).

Ramos (2012) destaca, ainda, que “o curador tem a característica de mediador e essa é uma característica principal na sociedade contemporânea. Talvez não se trate mais de produzir novas formas, mas arranjá-las em novos formatos” (RAMOS, 2012, p. 17).

No contexto da curadoria da informação, podemos especificar outros dois tipos de curadoria: a curadoria digital e a curadoria de conteúdo.

Figura 3: Tendências de pesquisa no Google sobre o termo “curadoria” e suas especificidades*
*curadoria de informação; curadoria de conteúdo; curadoria digital; digital curation; content curation
Figura 3: Tendências de pesquisa no Google sobre o termo “curadoria” e suas especificidades
Fonte: As autoras/Google Trends.

A curadoria digital envolve os processos de gestão e de preservação de dados digitais a longo prazo, por meio de diferentes atividades, desde o planejamento e a criação até a seleção das melhores práticas para a documentação, possibilitando que esses dados sejam acessados e reutilizados no futuro (Abbout, 2008). Abbout (2008) ressalta que a curadoria digital é aplicável a uma grande variedade de situações profissionais e que protege os dados contra a perda ou obsolescência, tanto relacionada à tecnologia quanto à fragilidade das redes sociais.

Para saber mais sobre curadoria digital

No site do Digital Curation Centre (DCC), você encontra um conjunto de informações e recursos interessantes para aprofundar estudos nesta área (http://www.dcc.ac.uk/).
O Curation Lifecycle Model é um modelo gráfico que apresenta as etapas necessárias para o processo de curadoria e preservação de dados.
Site: https://www.dcc.ac.uk/guidance/curation-lifecycle-model
Documento: http://www.dcc.ac.uk/sites/default/files/documents/publications/DCCLifecycle.pdf

Em contrapartida, a curadoria de conteúdo envolve o processo de buscar e de selecionar, entre a grande quantidade de informações disponível na web, um conjunto de conteúdos e apresentá-los de forma significativa e organizada em torno de um tema específico. O trabalho envolve peneirar, selecionar, organizar e publicar informações1 (KANTER, 2011). Dessa forma, fazer curadoria de conteúdo não é apenas reunir links; envolve colocá-los em um contexto de organização, anotação e apresentação.

A curadoria de conteúdo é um processo de três partes, também conhecido como The 3 S’s of content curation2, ou, em português, Os 3 Ss da curadoria de conteúdo: seek (procurar), sense (fazer sentido), share (compartilhar) (KANTER, 2011; JARCHE, 2012). A primeira etapa consiste em procurar a informação (seek). A segunda etapa consiste em adicionar valor às informações encontradas (making sense). Por exemplo: organizar os links em um blog incluindo anotações ou organizar uma apresentação. A terceira etapa consiste em compartilhar (share) com um determinado público/audiência em um formato que eles possam facilmente compreender e aplicar.

Figura 4: Representação gráfica das etapas de curadoria de conteúdo3
Figura 4: Representação gráfica das etapas de curadoria de conteúdo
Fonte: As autoras.

ATIVIDADE: Pesquisar, fazer sentido e compartilhar (Seek, sense and share)

Você se considera um curador de conteúdo?
Sim? Como você desenvolve essas três partes da atividade de curadoria? Já avaliou como você procura, atribui significado e compartilha?
Não? Escolha um blog que conhece e realize uma análise sob essas três perspectivas da curadoria de conteúdo.

Outra perspectiva, apresentada por Weisgerber e Butler (2012), destaca 8 (oito) passos para a curadoria de conteúdo. São eles: 1) encontrar: buscar conteúdos e informações relevantes; 2) selecionar: filtrar o conteúdo com base na sua qualidade, relevância e originalidade; 3) editorializar: contextualizar o conteúdo, apresentar e resumir adicionando uma perspectiva pessoal; 4) organizar: classificar o conteúdo, elaborar layout, justapor; 5) criar: decidir o formato do conteúdo a ser criado; 6) compartilhar: compartilhamento social com a rede de contatos; 7) engajar: hospedar a conversa, fornecer espaço, participar, animar e convidar outros participantes;  8) monitorar: acompanhar o engajamento, por meio de comentários, compartilhamentos, qualidade e profundidade das discussões, com objetivo de avaliar e melhorar.

Podemos verificar, portanto, que existem diversos tipos de curadoria e que o processo curatorial é mais do que selecionar links interessantes, ele perpassa a contextualização desses diferentes conteúdos a partir da perspectiva do curador. Compartilhar e engajar a audiência em trocas significativas também faz parte do processo!

2 A CURADORIA COMO ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM NA CULTURA DIGITAL

A cultura contemporânea associada às tecnologias digitais cria uma nova relação entre a técnica e a vida social a que chamamos de cibercultura4 (LEMOS, 2009).

Conforme Lemos (2009, n. p.), a cibercultura pode ser entendida como um território recombinante que se constitui a partir de “três leis que estão na base do processo cultural atual”:

a) a liberação do polo da emissão (produzir e emitir): caracteriza a possibilidade de que cada sujeito seja produtor e emissor de conteúdo;

b) a conexão (produzir, emitir e conectar): envolve a possibilidade de emitir e compartilhar em rede, “entrar em conexão com outros, produzir sinergias, trocar pedaços de informação, circular, distribuir” (LEMOS, 2009, n. p.). A conexão caracteriza-se também pela mobilidade;

c) a reconfiguração (produzir, emitir, conectar e transformar): envolve a reconfiguração de práticas e de instituições por meio de processos bidirecionais e abertos.

Conforme Lemos (2005), essas “três leis” são norteadoras dos processos de “remixagem” contemporâneos, ou seja, o “conjunto de práticas sociais e comunicacionais de combinações, colagens, cut-up de informação a partir das tecnologias digitais (LEMOS, 2005, p. 1). Lemos (2005, p. 1) afirma, ainda, que as tecnologias digitais “alteram os processos de comunicação, de produção, de criação e de circulação de bens e serviços nesse início de século XXI trazendo uma nova configuração cultural”, que ele chama de “ciber-cultura-remix”.

DEBATE: Os limites e as possibilidades do remix

A TED Talk de Kirby Ferguson sobre o conceito de remix mostra as possibilidades dessa prática para fomentar a criatividade e o desenvolvimento de novas ideias, destacando suas controvérsias. Afinal, quais os limites do remix? Qual a relação entre o processo de autoria e o remix?
Disponível em: https://www.ted.com/talks/kirby_ferguson_embrace_the_remix?referrer=playlist-the_remix#t-553598

Nessa perspectiva, entendemos que o processo de produzir-emitir-conectar-transformar, inerente à cibercultura, ressalta também o papel social do curador. O curador é visto como um mediador e essa atividade pode ser considerada fundamental na cultura contemporânea, uma vez que o mediador não está necessariamente envolvido em produzir novas formas, mas também em organizá-las em novos formatos. Além disso, entendemos que exercitar a curadoria nos processos educativos vai ao encontro de práticas educativas na perspectiva da cultura digital.

Estudos abordam a curadoria como atividade de aprendizagem por diferentes perspectivas: professor-curador (VERGARA, 1996; UTUARI, 2012), a curadoria como estratégia na educação online (LOPES; SOMMER; SCHMIDT, 2014), curadoria para o letramento digital e de mídia (MIHAILIDIS; COHEN, 2013); curadoria na perspectiva da autoria (BASSANI, 2016, BASSANI et al., 2017, MAGNUS, 2018, BASSANI; MAGNUS, 2020).

Os estudos de Vergara (1996) e de Utuari (2012) focam o ensino da Arte, mas podem ser ampliados facilmente para outros contextos. Vergara (1996) destaca o termo “curadoria educativa”. Conforme o autor, a curadoria educativa tem como objetivo “explorar a potência da arte como veículo de ação cultural, […] constituindo-se como uma proposta de dinamização de experiências estéticas junto ao objeto artístico exposto perante um público diversificado” (VERGARA, 1996, p. 243). Utuari (2012) apresenta a perspectiva do professor-propositor, em que se mesclam os papéis, tanto de mediador quanto de curador. Utuari (2012) destaca que o professor-mediador “é aquele que está entre, que conduz uma conversa, que provoca olhares, pensamentos, que promove encontros entre arte e os alunos” (p. 54). Em contrapartida, o professor-curador “seleciona, pensa possíveis conceitos a serem explorados como os alunos” (p. 55). Nessa perspectiva, o professor é um propositor de percursos.

Lopes, Sommer e Schmidt (2014) afirmam que o conceito de curadoria “articula-se muito bem com o campo da educação, à medida que pode inspirar uma epistemologia e uma prática pedagógica nos contextos educacionais capazes de superar as pressões e apelos de consumo e mercantilização do conhecimento” (p. 70). Nessa perspectiva, os autores destacam que a curadoria é entendida como prática de socialização e mediação de saberes, e, portanto, para a prática da curadoria no contexto educativo, “é imprescindível o reconhecimento da aprendizagem como função da socialização, uma prática social em essência” (LOPES et al., 2014, p. 63). Os pesquisadores Lopes et al. (2014) ponderam, ainda, que o conceito de autoria apresenta diferentes desdobramentos a partir da cibercultura, especialmente na perspectiva da liberação do polo da emissão, uma vez que “copiar, colar, remixar, distribuir, fazer circular ideias e conceitos definitivamente nos colocam diante da necessidade de entender que novas ecologias cognitivas estão se constituindo” (p. 68). Assim, “cada vez menos se aceita a ideia de autoria como produção exclusiva e unicamente vinculada a uma pessoa, já que, em alguma medida, ao nos inscrevermos socialmente, herdamos elementos previamente constituídos pela cultura” (LOPES et al., 2014, p. 68).

Os dados da pesquisa TIC Educação 2015 mostram que 96% dos docentes indicam o uso de algum recurso obtido na internet para preparar aulas ou atividades com os alunos. Nesse contexto, apenas 19% dos docentes afirmam utilizar o material obtido na internet sem fazer alterações. Portanto, a pesquisa indica que a grande maioria dos professores realizou algum tipo de modificação nos materiais, “seja fazendo modificações após baixar ou copiar o conteúdo de internet (87%), seja criando novos materiais a partir da combinação de diversos conteúdos obtidos na internet (79%), ou até mesmo alterando ou modificando o conteúdo acessado no próprio site (15%), como ocorreu, por exemplo, com o uso de plataformas tais como a Wikipedia” (CGI.br, 2016, p. 154).

A pesquisa TIC Educação 2019 destaca que 80% dos professores de escolas públicas e 83% das privadas usam vídeos e tutoriais online para se atualizarem em relação ao uso das tecnologias. Também, nas escolas particulares, 88% dos professores usam tecnologias em novas práticas, enquanto que esse percentual cai para 69% nas públicas. O uso de tecnologias em conteúdos da disciplina ministrada é apontado por 78% e 68% dos professores, respectivamente em escolas particulares e públicas.

Mihailidis e Cohen (2013) abordam o conceito de curadoria como uma competência básica na educação digital e na alfabetização mediática. Os autores afirmam que a curadoria é um processo de resolução de problemas, em que o curador tem a tarefa de organizar as informações em formato de uma história para compartilhar com os outros de modo coerente e claro. Afirmam, além disso, que esse processo pode ser feito colaborativamente, uma vez que existem muitos ambientes gratuitos e fáceis de usar, como Facebook, Twitter, YouTube, Prezi, Pinterest, Scoop.it, entre vários outros. Mihailidis e Cohen (2013) apresentam um estudo de caso do ambiente Storify e concluem afirmando que a curadoria pode ser utilizada como uma abordagem pedagógica para guiar o processo de ensino e aprendizagem em ambientes de mídia participativa (participatory media landscape).

Em nossa trajetória de pesquisa, abordamos a questão da curadoria como autoria no contexto da formação inicial de professores de Licenciatura (BASSANI; MAGNUS; WILBERT, 2017). Neste estudo, apresentamos as possibilidades dos ambientes de curadoria online como espaços para o exercício da autoria e da socialização de saberes. Resultados mostraram que o uso desses ambientes “para o registro da reflexão gera um artefato digital que pode ser compartilhado e, portanto, desloca o sujeito da posição de consumidor, para uma condição de autor” (BASSANI; MAGNUS; WILBERT, 2017, p. 97). O aprofundamento de estudos sobre o tema deu origem a uma proposta teórico-metodológica para a curadoria de conteúdo digital (MAGNUS, 2018).

Figura 5: Proposta teórico-metodológica para a curadoria de conteúdo
Figura 5: Proposta teórico-metodológica para a curadoria de conteúdo
Fonte: MAGNUS, 2018.

Conforme a autora, o termo “curadoria” de conteúdo digital articula os conceitos de curadora digital e curadoria de conteúdo na perspectiva da autoria e dos estudos sobre Ambientes Pessoais de Aprendizagem ou Personal Learning Environment (PLE). A autoria, na perspectiva de Backes (2012, p. 74) [ver], “transcende à ideia de produtor de uma obra, no sentido de que a autoria se efetiva na relação com o outro. O autor não se produz sozinho, mas por meio da tríade autor-obra-outro”. A autora esclarece que há três formas de autoria: a pré-autoria, que pode ser considerada como o processo desencadeador das demais, pela intenção de representar a subjetividade do indivíduo; a autoria transformadora, que incentiva um posicionamento crítico, em que o conhecimento construído é relacionado com o viver; e a autoria criadora, que, por sua vez, almeja a criação, a novidade, sendo uma evolução gerada pela internalização dos conhecimentos e atribuição de sentido (BACKES, 2012).

O PLE, é definido como “o conjunto de ferramentas, fontes de informação, conexões e atividades que cada pessoa utiliza de forma assídua para aprender”5 (CASTAÑEDA; ADELL, 2013, p. 15) [ver]. É constituído por três componentes principais: ler, produzir e compartilhar e refletir. O primeiro componente, ler, objetiva acessar fontes documentais e experimentais de informação, consideradas propulsoras do conhecimento, pelas quais é possível aprender e extrair informações regularmente. O segundo componente, produzir, almeja o fazer, o pensar por meio da prática, atribuindo sentido e reconstruindo o conhecimento, a partir de uma reflexão sobre a informação, modificando-a. O terceiro e último componente, compartilhar e refletir em comunidades, é considerado o de maior relevância ao PLE pelos autores (CASTAÑEDA; ADELL, 2013), pois indica a reflexão por meio do compartilhamento, não se limitando às documentações individuais, estimulando as interações possíveis entre os sujeitos. Nesse sentido, o PLE associa-se ao conceito de personal learning network (PLN), ou seja, a rede pessoal de aprendizagem, definida como as oportunidades de troca entre os sujeitos, mediadas pelo PLE, caracterizando a parte social do ambiente de aprendizagem (CASTAÑEDA; ADELL, 2013; BASSANI; NUNES, 2016).

Conforme Magnus (2018), o processo de curadoria de conteúdo digital considera “a importância da web no contexto da seleção da informação dispersa, […] a importância de adicionar valor às informações encontradas, recriando-as e personalizando-as […]. Por último, mas não menos importante, o compartilhamento” (MAGNUS, 2018, p. 70). A proposta teórico-metodológica de curadoria de conteúdo digital é subdividida em três etapas interdependentes: curadoria preliminar, curadoria significativa e curadoria consolidada (MAGNUS, 2018). Para cada uma, foram identificadas Ações, Objetivos, Práticas e Tecnologias Digitais. As Ações são manifestadas por verbos, os Objetivos por sentenças.

A curadoria preliminar relaciona-se com o componente ler do PLE, e, como o próprio nome sugere, é um processo inicial. Nesse estágio, ocorre a busca, a seleção, a organização e a compreensão de dados, que podem ser transformados em informações e também em conhecimentos, requerendo curiosidade e iniciativa. O material oriundo da curadoria preliminar deve ser registrado para uso individual, mas também pode ser compartilhado, auxiliando assim na organização dos conhecimentos dispersos na rede.  Indica colecionar pesquisáveis, como texto, imagem, som e/ou vídeo. Igualmente, prevê as Ações: a) Pesquisar, b) Selecionar, c) Organizar, e d) Compreender, para que atinja os Objetivos: 1. Formar intenção e 2. Estabelecer direção.  Nesse primeiro momento, ocorre o delineamento da prática curatorial, construindo uma intenção de prática, estabelecendo um foco, uma direção, entre os inúmeros caminhos possíveis.  Como Práticas, sugere-se o Brainstorm, Briefing, Mapa Mental e Mapa Conceitual, mas se evidencia que a proposta permite outras práticas. Da mesma forma, as Tecnologias Digitais são recomendadas e possibilitam o uso do próprio PLE do curador, ou seja, o intuito da proposta é ser modular e ao mesmo tempo customizável. São elas: Feedly, Flipboard, GoConqr, Google, MindMeister, Pearltrees, Pinterest, Scoop.it, Symbaloo e YouTube. Algumas das tecnologias indicadas não se referem apenas a uma fase específica, pois possibilitam diferentes Ações, independentemente da Etapa.

A curadoria significativa parte do pressuposto da reflexão, da remixagem e da autoria, em que as informações obtidas a partir dos dados tornam-se conhecimentos e, por meio da atribuição de sentido, passam a ter significado, ou seja, se tornam inteligências, evidenciadas pela criação de novos conteúdos digitais. Propicia o Produzir a partir da curadoria preliminar. Nesse sentido, pressupõe que as inteligências individuais são reconhecidas, somadas e compartilhadas por um grupo de pessoas ou pela sociedade, com a finalidade de coordená-las para serem usadas a favor da coletividade. Prevê conceber entregáveis, que podem ser um produto/serviço e/ou conteúdo (texto, imagem, som e/ou vídeo), intimamente relacionados à autoria criadora. Apresenta as Ações: a) Relacionar, b) Remixar, c) Criar, e d) Materializar e os Objetivos: 1. Atribuir sentido e 2. Desenvolver ideia/conteúdo. No contexto evidenciado, almeja-se que, ao se relacionarem e remixarem as informações oriundas da Curadoria Preliminar, sejam criados e materializados conteúdos digitais autorais, a partir de Práticas que englobam a produção de Apresentação, Desenhos, Fluxograma, Moodboard, Persona, Podcast, Protótipo, Questionário, Sketchbook, Texto, Vídeo ou, ainda, outras possibilidades de interesse dos envolvidos. As Tecnologias Digitais indicadas são: Canva, Fábrica de Aplicativos, GoConqr, Google Docs, Lino, LucidChart, MindMeister, Padlet, Piktochart, Pixton, Prezi, RawShorts, Tik Tok, Wix, WeVideo e WordPress.

Em continuidade, a fase designada de curadoria consolidada prevê o diálogo, o compartilhamento e o monitoramento dos conteúdos digitais autorais (ou não) disseminados na web; enfatiza a noção de cultura do compartilhamento. Compartilhar conteúdos autorais é considerado ponto alto da curadoria de conteúdo digital, uma vez que oferece possibilidade de o sujeito ampliar e consolidar a sua Rede Pessoal de Aprendizagem ou Personal Learning Network (PLN). Almeja disseminar compartilháveis, como links e arquivos, a partir de Ações que envolvem: a) Compartilhar, b) Dialogar, c) Engajar, e d) Monitorar, cujos Objetivos preveem:  1) Publicar conteúdo autoral e 2) Ampliar a rede pessoal de contatos (PLN). Essa consolidação da Curadoria de Conteúdo Digital ocorrerá, de fato, a partir do compartilhamento do conteúdo digital autoral criado pelos alunos, alcançando o nível mais elevado na escada da Tecnografia Social, o de Criador. As Práticas ocorrerão por meio da proposição de Blog, Chat, Evento, Grupo de discussão, Página em Rede Social, Portfólio, Postagem ou Site, entre algumas opções. As Tecnologias Digitais aconselhadas contemplam Behance, Canva, Facebook, Google Drive, Instagram, Pearltrees, Pinterest, PowToon, Prezi, QR Code Generator, Scoop.it, Symbaloo, Twitter, WordPress e YouTube. Ressalte-se que nesta etapa é importante, além de compartilhar o conteúdo digital criado, engajar e monitorar o público ao qual se destina, mantendo o diálogo, tal como preconizam as Ações indicadas.

A proposta explicitada permite e incentiva a personalização e a customização, ou seja, o exercício da autonomia. As conexões entre as Etapas indicam que o processo nem sempre apresenta uma linearidade e que pode haver sobreposição das atividades, pois muitas são realizadas paralelamente, e isso faz parte da construção do itinerário curatorial, do exercício da autoria e da construção do PLE.

Etapa Ações Objetivos Sugestões de Atividades Sugestões de Tecnologias Digitais
CURADORIA PRELIMINAR:  colecionar pesquisáveis, como texto, imagem, som e/ou vídeo a) Pesquisar

b) Selecionar

c) Organizar

d) Compreender

1. Formar intenção

2. Estabelecer direção

Brainstorm, Briefing, Mapa Mental, Mapa Conceitual, entre outras. Feedly, Flipboard, GoConqr, Google, MindMeister, Pearltrees, Pinterest, Scoop.it, Symbaloo e Youtube, entre outras.
CURADORIA SIGNIFICATIVA: conceber entregáveis, que podem ser um produto/serviço e/ou conteúdo (texto, imagem, som e/ou vídeo), a) Relacionar

b) Remixar

c) Criar

d) Materializar

1. Atribuir sentido

2. Desenvolver ideia/conteúdo

Apresentação, Desenhos, Fluxograma, Moodboard, Persona, Podcast, Protótipo, Questionário, Sketchbook, Texto, Vídeo, entre outras. Canva, Fábrica de Aplicativos, GoConqr, Google Docs, Lino, LucidChart, MindMeister, Padlet, Piktochart, Pixton, Prezi, RawShorts, Tik Tok, Wix, WeVideo e WordPress, entre outras.
CURADORIA CONSOLIDADA: disseminar compartilháveis, como links e arquivos a) Compartilhar b) Dialogar

c) Engajar

d) Monitorar

1. Publicar conteúdo autoral 2. Ampliar a rede pessoal de contatos (PLN) Blog, Chat, Evento, Grupo de Discussão, Página em Rede Social, Portfólio, Postagem ou Site, entre outras Behance, Canva, Facebook, Google Drive, Instagram, Pearltrees, Pinterest, PowToon, Prezi, QR Code Generator, Scoop.it, Symbaloo, Twitter, WordPress e YouTube, entre outras.

O que é Tecnografia Social?

Li (2007) propõe o conceito de Social Technographics (Tecnografia Social) para analisar a intensidade de engajamento na internet. O modelo é organizado em seis categorias de participação na rede: criadores, críticos, colecionadores, participantes, espectadores e inativos. Conforme Li (2007), a participação em um nível pode ou não se sobrepor à participação em outros níveis, e o modelo utiliza uma escada como metáfora, ocorrendo no topo o maior nível de participação.

Figura 4: Tecnografia social
Figura 4: Tecnografia social
Fonte: Magnus (2018, p. 70)

Li (2007), complementa a categorização descrevendo o perfil de cada nível de participação. Sobre os criadores, destaca que são considerados um grupo de elite, geralmente jovens, e estão no topo da escada. Publicam blogs, mantêm páginas na web e fazem uploads de vídeos para sites pelos menos uma vez por mês. Já os críticos participam comentando blogs ou realizando classificações de postagens e comentários, mas esse nível de participação não é tão intenso como de um criador. Os críticos selecionam onde querem oferecer sua experiência e, em média, são mais velhos do que criadores. Em sequência, os colecionadores são usuários que salvam URL em um serviço de bookmarking social, compartilhando com a comunidade em que estão inseridos, desempenhando um papel vital na organização da grande quantidade de conteúdo que está sendo produzida pelos criadores e avaliada pelos críticos. Os participantes têm apenas um único comportamento: usam redes sociais, mas são propensos a se envolverem em outras categorias. Já o grupo de leitores de blogs, espectadores de vídeo e ouvintes de podcast são denominados “espectadores”. Os espectadores dificilmente se envolvem com as outras categorias, mas estas podem atuar com esse posicionamento. Na parte inferior da escada, encontram-se os inativos, que representam a maior parcela da população. Não participam das atividades sociais na rede, mas podem ser afetados pelas atividades dos outros.

Entendemos que nesta intersecção de papéis ocorre a curadoria de conteúdo digital, especificamente nos três níveis mais elevados da escada.
Para saber mais: http://miami.lgrace.com/documents/Li_Web_Demographics.pdf

3 AMBIENTES ONLINE PARA CURADORIA

Existem muitos ambientes disponíveis na web que foram desenvolvidos especialmente para a curadoria de conteúdo, como Pinterest, Scoop.it ou Pearltrees. Além disso, existem muitos outros que não foram desenvolvidos com esse fim, mas que também podem ser utilizados em processos de curadoria educativa, como Symbaloo ou Prezi.

Recuero (2011), ao analisar os sites de redes sociais (SRSs), destaca que estes podem ser de dois tipos: a) sites de redes sociais propriamente ditos; b) sites de redes sociais apropriados. Os SRSs propriamente ditos são aqueles desenvolvidos especialmente para possibilitar a exposição pública das redes conectadas aos atores. Entretanto, os SRSs apropriados “são aqueles sistemas que não eram, originalmente, voltados para mostrar redes sociais, mas que são apropriados pelos atores com este fim” (RECUERO, 2011, p. 104). Portanto, entendemos que essa mesma ideia pode ser aplicada aos ambientes online para curadoria. Cada ambiente é desenvolvido com uma finalidade específica, mas estamos cientes de que um determinado ambiente também pode ser utilizado de formas alternativas.

Apresentamos a seguir uma lista com vários ambientes online para curadoria. Normalmente eles disponibilizam acesso gratuito mediante cadastro.

Onde localizar possíveis ambientes para utilizar em processos de curadoria?

O Conversation Prism (https://conversationprism.com) é um mapa visual, atualizado anualmente, que apresenta um cenário de mídias sociais disponíveis. As mídias sociais são classificadas em categorias. A categoria social curation apresenta um conjunto relevante de ferramentas de curadoria social, ou seja, ferramentas de curadoria que permitem a edição colaborativa e/ou socialização do conteúdo.

Também indicamos a pesquisa Top 200 Tools for Learning (http://c4lpt.co.uk/top100tools/). Essa pesquisa, realizada anualmente de forma pública e online, lista as 200 ferramentas mais utilizadas no contexto educativo

3.1 Ambientes online para curadoria propriamente ditos

Destacamos aqui quatro ambientes desenvolvidos especificamente para a curadoria de conteúdo online: Pearltrees, Pinterest, Scoop.it, Diigo.

Ambiente Funcionalidade Interação entre usuários
Pearltrees Pearltrees significa e funciona como uma “árvore de pérolas”: ao navegar na internet e encontrar uma pérola do assunto que lhe interessa, é possível montar a sua árvore e criar ramificações de acordo com os assuntos desejados. Permite anexar documentos. É possível seguir outros usuários, podendo visualizar suas pearltrees e se conectar a elas. Também é permitido criar pérolas compartilhadas com outros usuários, possibilitando assim que todos interajam e anexem assuntos do mesmo interesse.
Pinterest Compartilhar imagens, links de sites ou até fotos próprias, ofertando um ambiente de pesquisa visual. O usuário cria painéis (boards) onde categoriza suas postagens (como álbuns) e então começa a “pinar” o que achar mais interessante. É possível seguir outros usuários, podendo curtir, compartilhar (em outras redes sociais) e seguir os painéis e pins.
Scoop.it Baseado em palavras-chave, a ferramenta Scoop.it realiza uma curadoria de conteúdo interessante e relevante sobre os assuntos escolhidos pelo usuário. Além da curadoria e organização, ela permite a criação e compartilhamento de conteúdo em redes sociais. Permite também anexar documentos. É possível implementar e compartilhar um monitoramento de informações a partir de palavras-chave.
Diigo Organizador de links e referências que podem ser marcados com tags (etiquetas), criando-se uma base de pesquisa estruturada. A ferramenta também possibilita a adição de anotações em PDF e a criação de texto através de um bloco de notas. É possível acessar conteúdo de outros usuários por meio de palavras-chave. É um ambiente bem completo no que se refere a pesquisa.

ATIVIDADE: Ambientes online para curadoria

Com base nos ambientes online indicados, escolha um de sua preferência para explorar. Configure o seu perfil, analise perfis existentes e descubra as possibilidades para você se tornar um curador! Avalie pontos positivos e negativos e partilhe a sua experiência com colegas que selecionaram outros ambientes. Que tal?

3.2 Ambientes online para curadoria apropriados

Destacamos aqui seis ambientes que não foram desenvolvidos de forma específica para a curadoria de conteúdo online, mas que podem ser utilizados em processos de curadoria no contexto educativo: GoConqr, MindMeister, Prezi, Tumblr, Padlet e Symbaloo.

Ambiente Funcionalidade Interação entre usuários
GoConqr É um ambiente completo para fazer mapas mentais, flashcards, quiz, entre outros. Os mapas mentais permitem a inserção de links, anotações e imagens. É possível compartilhar o mapa mental com outros usuários de forma pública na web. Permite remixes.
MindMeister Para a criação de mapas conceituais. Possibilita, através do recurso drag-and-drop (arrastar e largar), organizar conteúdos com palavras-chave, interligando-os por assuntos semelhantes e formando uma espécie de árvore genealógica. É possível compartilhar o mapa mental com outros usuários permitindo a interação na criação.
Prezi Tem como objetivo possibilitar a criação de apresentações dinâmicas e atraentes. O usuário tem à sua disposição uma biblioteca de temas para escolher e personalizar. Permite inserção de imagens, vídeos e links externos. É possível criar apresentações colaborativas e o compartilhamento é por meio de link público na web.
Tumblr É uma plataforma que reúne blogs com a funcionalidade de disseminar conteúdo, dos mais variados tipos. O usuário pode criar o seu perfil e utilizá-lo como blog compartilhando conteúdos de diferentes formatos. É possível seguir outros usuários/blogs e interagir nos conteúdos compartilhados.
Padlet Mural online para compartilhamento de texto, imagem, vídeo e/ou áudio. É possível criar um mural compartilhado e disponibilizar de forma pública na web. Permite práticas colaborativas de forma síncrona.
Symbaloo Organização de conteúdo da web que possibilita a agregação de links em uma única página denominada webmix. O webmix é público.

Além dos ambientes citados, os sites de redes sociais na internet também podem ser utilizados em processos de curadoria, como Twitter, Facebook e Instagram.

DEBATE: Práticas de curadoria na escola (parte 1)

Começamos este capítulo apresentando o conceito de curadoria, destacando alguns estudos sobre a curadoria no contexto educativo e compartilhando ideias de ambientes online que podem ser utilizados em atividades de curadoria educativa. Considerando o percurso que fizemos até aqui, como podemos articular tudo isso em uma proposta de prática no contexto da Informática na Educação?

4 PRÁTICAS DE CURADORIA NO CONTEXTO EDUCATIVO COM TECNOLOGIAS DIGITAIS

Nesta seção apresentamos alguns exemplos de práticas educativas na perspectiva da curadoria de conteúdo online a partir do uso de ambientes digitais como espaços para o registro e o compartilhamento.

Uma primeira atividade que conduzimos no contexto da formação de professores de Licenciatura (BASSANI, 2016) foi a proposta das “Trilhas de aprendizagem”. Entendemos que cada trilha de aprendizagem, desenvolvida em um ambiente de autoria online, é um artefato digital único, que reflete o percurso de aprendizagem de cada aluno. Conforme Schoonenboom e Levene (2007), as trilhas são desenvolvidas em espaços onde há uma grande quantidade de material e, nesse contexto, muitas rotas são possíveis. Portanto, “cada sujeito percorre a sua trilha e, assim, torna-se codesigner da proposta da disciplina” (BASSANI, 2016, p. 65). A proposta das trilhas de aprendizagem contempla o processo da curadoria especialmente na perspectiva do seek-sense-share, uma vez que a seleção de conteúdos deve estar articulada a um “fazer sentido” para o sujeito.

Avançando em nossas experiências formativas no contexto da educação superior sob a perspectiva da curadoria (BASSANI et al., 2017), conduzimos uma atividade envolvendo o uso das tecnologias digitais no processo de formação de professores sob a perspectiva do professor-autor, a partir de uma estratégia pedagógica que envolve a autoria sob a perspectiva da curadoria digital, articulada aos estudos sobre ambientes pessoais de aprendizagem (ou Personal Learning Environments – PLEs).

A proposta de curadoria online foi organizada a partir de três atividades complementares:
a) ler: identificar e selecionar materiais relevantes, incluindo links para sites, blogs, artigos e outros, envolvendo o uso de tecnologias digitais no contexto das aulas de línguas (Português e/ou Inglês); selecionar recursos educacionais digitais e/ou recursos educacionais abertos (REAs) com potencial para uso nas aulas de línguas; registrar e organizar todos esses links em um ambiente online de curadoria;

b) produzir: com base no material selecionado e organizado, elaborar uma reflexão individual sobre as possibilidades de uso das tecnologias digitais no contexto das aulas de línguas. A reflexão deveria ser registrada em uma ferramenta de autoria de livre escolha, utilizando qualquer formato (texto, vídeo, apresentação). O artefato produzido foi publicado junto aos demais materiais no ambiente de curadoria;

c) compartilhar: socializar os resultados da produção com os colegas. O resultado do projeto está disponível online no ambiente Padlet. Ao acessar este link, https://padlet.com/patriciab/ntael201701, você pode navegar entre os diferentes trabalhos desenvolvidos. Cada link remete a um projeto de curadoria desenvolvido pelos acadêmicos. Além disso, o detalhamento da proposta encontra-se documentada por meio de um artigo (BASSANI et al., 2017).

Magnus (2018), como resultado dos seus estudos de doutorado, apresenta uma proposta teórico-metodológica para o processo de curadoria de conteúdo digital. Conforme a autora, o termo “curadoria de conteúdo digital” articula os conceitos de curadora digital e curadoria de conteúdo na perspectiva da autoria e dos estudos sobre PLEs.  A proposta teórico-metodológica de curadoria de conteúdo digital é subdividida em três etapas interdependentes: curadoria preliminar, curadoria significativa e curadoria consolidada (MAGNUS, 2018). A proposta teórico-metodológica foi validada em dinâmicas formativas desenvolvidas no âmbito do ensino superior, em dois diferentes contextos: a) formação inicial de professores em Licenciatura; b) projeto de pesquisa de tendências comportamentais na área de Moda e Design. O processo formativo dos alunos foi conduzido com base na autoria, focando o registro do percurso de aprendizagem individual dos diferentes sujeitos, por meio da produção e do compartilhamento de artefatos digitais (BASSANI; MAGNUS, 2020).

DEBATE: Práticas de curadoria na escola (parte 2)

Depois de conhecer estas experiências de curadoria na escola, que outras práticas poderiam ser desenvolvidas no contexto da educação básica?

CINECLUBE: Black Mirror (Temporada 3: Episódio 1, 2017)
Black Mirror (Temporada 3: Episódio 1, 2017)
Assista ao Trailer:
Youtube
Disponível na Netflix

Black Mirror é uma série de televisão britânica de ficção científica criada por Charlie Brooker. A série se organiza a partir de episódios independentes e é centrada em temas obscuros e satíricos sobre a sociedade moderna e suas relações com as tecnologias digitais.

Este episódio, cujo título original é “Nosedive”, apresenta a história de uma mulher obcecada pela sua popularidade nas redes sociais em uma época em que as pessoas são avaliadas o tempo todo por pontos.

Esse episódio não aborda a questão da curadoria online, mas apresenta um cenário interessante para subsidiar uma discussão sobre a relevância do olhar do outro sobre nós. Em um contexto de curadoria online, que envolve o compartilhamento público do nosso processo individual de seleção e organização de conteúdos, é importante refletir sobre as diferentes apropriações que os outros sujeitos podem fazer da nossa produção. Em um contexto de cibercultura, que se caracteriza por processos de produção, emissão, conexão e transformação, podemos questionar: Que apropriações fazemos da produção do outro? Que apropriações podem ser feitas da nossa produção?

Diante do cenário apresentado, entendemos que a curadoria educativa é um processo que perpassa os âmbitos individual e coletivo. Professores e alunos podem exercitar a autoria durante o processo de ensino e aprendizagem, posicionando-se como criadores, autores ou produtores de conteúdo digital.

5 FINALIZANDO A REFLEXÃO (E PARTINDO PARA A PRÁTICA! 😉

Conforme vimos ao longo do texto, o conceito de curadoria emerge no contexto da cultura digital como atividade relevante voltada para a seleção, a organização e o compartilhamento de informações distribuídas pela rede.

Considerando-se os princípios da cibercultura (emissão, conexão, reconfiguração), qualquer pessoa pode se tornar um curador, uma vez que a curadoria pode ser desenvolvida em espaços escolares e não escolares, por profissionais ou amadores.

Situando o conceito no contexto educativo, o processo de curadoria pode ser desenvolvido tanto pelo professor (professor-curador) quanto pelos alunos, caracterizando uma abordagem pedagógica com foco na autoria.

Diferentes modelos de curadoria da informação foram apresentados (curador-filtrador; curador-agenciador; curadoria como plataforma; curador como crítico; recomendação como curadoria), além de diferentes propostas de organização do processo da curadoria em contexto educativo (seek-sense-share; achar-selecionar-editorializar-formatar-criar-compartilhar-engajar-monitorar).

Independentemente da proposta/modelo escolhido para guiar a prática, entendemos que é importante lembrar o papel de mediador social desempenhado por meio da curadoria. Praticar a curadoria de conteúdo não é apenas reunir links; envolve organizá-los em um contexto, que faça sentido ao curador e ao seu público; é necessário criar uma história. Destacamos, portanto, o papel autoral do curador, que produz algo novo a partir das novas configurações que organiza para os conteúdos disponíveis online. Assim, entendemos que remixar também é criar.

Os ambientes online indicados neste capítulo podem ser aliados na prática da curadoria (e, portanto, da autoria), mas não são os únicos existentes. Vários outros ambientes possivelmente irão aparecer e novas apropriações serão feitas de ambientes já existentes.

Compartilhamos alguns exemplos de práticas curatoriais com tecnologias digitais na escola, mas esperamos que a leitura deste capítulo possa inspirar a proposição e o compartilhamento de novas práticas educativas, que possam efetivamente fomentar os processos de produção, emissão, conexão e transformação, em sintonia com as práticas da cibercultura.

A curadoria é um processo a ser construído, que se tornará mais simples na medida em que for praticada e exercitada. Vamos começar?

Resumo

Mapa mental do capítulo
Fonte: Mapa Mental sobre os conteúdos abordados neste capítulo (desenvolvido com Coggle)

Iniciamos este capítulo apresentando o conceito de curadoria e suas especificidades, centrando especialmente na curadoria online, a partir dos conceitos de curadoria da informação, curadoria digital e curadoria de conteúdo. Verificamos que existem diferentes modelos de curadoria online: curador-filtrador; curador-agenciador, curadoria como plataforma, curador como crítico, recomendação como curadoria. Na seção 2, abordamos a curadoria como atividade de aprendizagem na cultura digital. Diferentes estudos enfatizam a relevância da curadoria educativa sob a perspectiva do professor-curador e também a relevância do papel da curadoria para o desenvolvimento de competências digitais para o aluno. Na seção 3, apresentamos diferentes ambientes online para o registro do processo de curadoria, envolvendo ambientes desenvolvidos especialmente para essa atividade, como ambientes de autoria que podem ser utilizados em processos de curadoria, uma vez que possibilitam a inserção de links externos, imagens, vídeos, áudios, além do compartilhamento público do artefato digital produzido. Na seção 4, destacamos práticas educativas na perspectiva da curadoria na educação básica e superior. Ao longo do texto, o leitor é convidado à reflexão e à prática da curadoria. Esperamos que o texto possa inspirar práticas educativas na perspectiva da curadoria, a fim de fomentar os processos de produção, emissão, conexão e transformação nas escolas brasileiras, em sintonia com as práticas da cibercultura.

Live-palestra-conversa

Live-palestra-conversa sobre este capítulo, realizada no dia 15/7/2021 no programa Conecta (CEIE-SBC):

Registro da live-palestra-conversa com o autor deste capítulo

Fonte: https://youtu.be/aCkvscUdVgU
Apresentação utilizada na live-palestra-conversa

Curadoria

Formato PDF (para ler) e Formato PPT (para editar-remixar)

Leituras Recomendadas

Percursos de autoria em/na rede: o processo de curadoria de conteúdo digital na perspectiva dos ambientes pessoais de aprendizagem
Percursos de autoria em/na rede: o processo de curadoria de conteúdo digital na perspectiva dos ambientes pessoais de aprendizagem
(BASSANI, MAGNUS, 2020). Este artigo aborda o processo de autoria no contexto educativo, sob a perspectiva da curadoria, articulado aos estudos sobre ambientes pessoais de aprendizagem (do inglês, Personal Learning Environments – PLEs), a partir do uso de diferentes interfaces digitais.

Curadoria digital e o campo da comunicação
Curadoria digital e o campo da comunicação
(CORRÊA, 2012). Nesse livro organizado por Elizabeth Corrêa, você encontrará vários textos sobre o que é a curadoria no campo da comunicação digital, sob várias perspectivas. Os textos abordam as origens do termo, algoritmos que exercem a curadoria na rede, como ocorre a curadoria nas mídias sociais, a curadoria sob o ponto de vista da cultura e a práxis curatorial.

Cibercultura como território recombinante
Cibercultura como território recombinante
(LEMOS, 2009). O artigo discute os três princípios da cibercultura: emissão, conexão e reconfiguração. Esses princípios favorecem a compreensão de práticas educativas na cultura digital.


Exercícios

1) Considerando os modelos de curadoria listados na seção 1 (curador-filtrador; curador-agenciador, curadoria como plataforma, curador como crítico, recomendação como curadoria), identifique exemplos de cada um deles e discuta com seus colegas.

2) Exercite o papel de curador de conteúdo online, seguindo os oito passos propostos por Weisgerber e Butler (2012). A atividade pode ser realizada de forma individual ou em pequenos grupos:
a) eleja um tema atual e selecione palavras-chave;
b) pesquise, filtre informações e selecione conteúdos relevantes;
c) analise os materiais e insira anotações, adicione a sua perspectiva;
d) pense na melhor forma de organizar esse material, a melhor forma de contar a sua história;
e) escolha um ambiente entre os destacados nos subcapítulos 3.1 e 3.2 e organize o conteúdo selecionado;
f) compartilhe com sua audiência (pode ser nas redes sociais ou em algum outro ambiente escolhido pela turma/professor);
g) apresente para os seus colegas o seu projeto, converse com seu público, busque engajamento;
h) reflita sobre a atividade, analisando o seu ambiente e o dos demais colegas.

3) Analise as limitações e as possibilidades entre o uso de ambientes específicos para a curadoria ou ambientes apropriados. Discuta também com seus colegas as possibilidades e as limitações do uso das redes sociais como espaços de curadoria..

Notas

[1] Para aprofundar o conceito, sugerimos o blog http://www.bethkanter.org/content-curation-101/

[2] Para saber mais, ver Seek, Sense, and Share Framework, disponível em http://jarche.com/2014/02/the-seek-sense-share-framework/ ou no documento  http://www.jarche.com/wp-content/uploads/2012/09/seek_sense_share.pdf

[3] Agradecemos a Gustavo Nienov (@yourguti), bolsista de iniciação científica Feevale/Fapergs (2018) pela criação da imagem. Os ícones utilizados na imagem são do site https://www.flaticon.com/

[4] Estudos na área da Comunicação apontam uma mudança conceitual entre os termos cibercultura e cultura digital. No entanto, na área da Educação os termos ainda são utilizados como sinônimos.

[5] Para saber mais, indicamos o livro Entornos
personales de aprendizaje
: claves para el ecosistema educativo en red
.

Referências

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WEISGERBER, Corinne; BUTLER, Shannan. Reenvisioning Modern Pedagogy: Educators as Curators (2012). Acesso em: 10/11/2017.

Autoria

Patrícia B. Scherer Bassani
Patrícia B. Scherer Bassani
(http://lattes.cnpq.br/2502439781919473)
Doutora em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2006), mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1999) e bacharel em Informática pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1994). Professora titular da Universidade Feevale, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social, ao Mestrado Profissional em Letras e aos cursos de Sistemas de Informação, Pedagogia e Letras. Como pesquisadora, coordena o Grupo de Pesquisa em Informática na Educação (Feevale). Atua na área da Educação (Tecnologia Educacional) e interdisciplinar, com ênfase na Educação a Distância (EaD) e Informática na Educação, especialmente nos seguintes temas: educação e cibercultura, formação de professores com tecnologias, educação online, inclusão digital, ambientes pessoais de aprendizagem, design da aprendizagem. Como gestora acadêmica, coordenou o curso de Licenciatura em Computação (2003/2008) e foi coordenadora substituta do Mestrado Profissional em Inclusão Social e Acessibilidade por duas gestões (2008/2009) e (2010/2011).
http://orcid.org/0000-0001-6362-6981
E-mail: patriciab@feevale.br
Perfil online: https://linktr.ee/patriciab
Emanuele Biolo Magnus
Emanuele Biolo Magnus
(http://lattes.cnpq.br/3370385834992316)
Doutora em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale (2018). Mestre em Design e Marketing Têxtil pela Universidade do Minho (2009). Pós-graduada em Prática Docente no Contexto Universitário pela Universidade Feevale (2013), Criatividade em Produtos e Negócios da Moda pela Universidade de Caxias do Sul (2005) e Moda e Comunicação pela Universidade Anhembi Morumbi (2005). Graduada em Moda e Estilo pela Universidade de Caxias do Sul (2000). Atuou no desenvolvimento de produtos de moda em diferentes segmentos, inclusive na Europa. Tem 15 anos de experiência no ensino superior de Moda com atuação na tríade ensino, pesquisa e extensão, além da gestão acadêmica na coordenação de curso.
E-mail: ebmagnus@gmail.com

Como citar este capítulo

BASSANI, Patrícia B. Scherer; MAGNUS, Emanuele Biolo. Práticas de curadoria como atividades de aprendizagem na cultura digital. In: SANTOS, Edméa O.; SAMPAIO, Fábio F.; PIMENTEL, Mariano (Org.). Informática na Educação: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2021. (Série Informática na Educação, v.1) Disponível em: <https://ieducacao.ceie-br.org/curadoria>

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